terça-feira, junho 03, 2008

Alto ai, Babaloo!

Nao ha cu que aguente isto, juro palavra d'honra!

Isto a proposito da bomba que explodiu junto a embaixada da Dinamarca em Islamabad. Aparentemente ainda por causa da publicacao dos famosos cartoons de Maome.
Estas coisas dao-me voltas a barriga. Abomino qualquer tipo de fundamentalismo religioso, seja quando se apedrejam mulheres ate a morte, seja quando se diz nao ao preservativo, seja quando se condenam homossexuais, seja quando mandam putos para campos de ferias para lavagem cerebral. As pessoas tem todo o direito a crer no que bem entendem, que a mim pouco me importa, mas ha que respeitar quem nao cre, quem ve numa crenca desmesurada um perigo para todos e um perigo aos seus direitos e que, como tal, zomba delas!
Hoje em dia, ha uma grande sensibilidade no que toca a estas questoes. Na Europa, por exemplo, fruto ainda da luz renascentista, respeita-se a religiao, a liberdade de pensamento. O Reino Unido, pelo que li, ate retirou as referencias ao Holocausto dos seus curriculos escolares por poder ofender os muculmanos. Mas quando se chega a Arabia Saudita, o desrespeito pelas minorias e enorme. Ou ate na Turquia, onde os cristaos sao ainda perseguidos. Ou no Iraque (entre outros) onde sunitas e xiitas nao se entendem.
Nao falo de "eles" contra "nos", porque acredito que nao ha aqui um choque de civilizacoes. O que ha, como houve em tempos idos (e talvez ainda) na Cristandade, e uma mao cheia de loucos fanaticos que mandam nos rebanhos. Sao estes loucos, alias, que incutem o odio e as ideias erradas que levam ao extremismo que vemos.
So assim se entende que as massas que sairam as ruas depois dos cartoons dinamarqueses (e ainda ontem no Paquistao) nao percebam que o Estado e a liberdade do jornal em publicar o que bem lhe aprouver sao duas coisas separadas, em que o primeiro nada pode fazer para impedir o segundo. Sim, que os fanaticos islamicos (e nao so!) nao entendem isto! O Estado e a religiao devem ser coisas dissociadas, para bem do respeito por todos!
Mesmo em Portugal, quando a Igreja se tenta imiscuir nos assuntos do Estado (veja-se a questao do aborto, da nocao de familia, etc), nao consigo entender. Pode dizer-se que a Igreja representa um vasto numero de cidadaos. Mas sera mesmo assim? Nao estara a Igreja a representar-se a si mesma, tentando impedir as livres escolhas que quem nao cre nela?
A mim pouco me importa no que as pessoas creem. Se querem acreditar em Baco, na Virgem Maria, em Maome, no Buda reencarnado ou na Branca de Neve nao quero saber. Mas nao posso admitir que se tente castrar os direitos dos demais em nome da religiao e sobretudo que uns tontos partam a loica toda cada vez que se sentem ofendidos! Get a life!

3 comentários:

Anónimo disse...

O fanatismo religioso é do piorio...
Os fundamentalistas islâmicos dominam as massas porque estas são analfabetas e pobres. E também porque nos seus países a miséria é generalizada.
Actualmente no Ocidente os fundamentalismos religiosos não vingam porque o consumo e o bem-estar impera, senão a situação seria idêntica à dos países árabes...

Anónimo disse...

"Mesmo em Portugal, quando a Igreja se tenta imiscuir nos assuntos do Estado (veja-se a questao do aborto, da nocao de familia, etc), nao consigo entender. Pode dizer-se que a Igreja representa um vasto numero de cidadaos. Mas sera mesmo assim? Nao estara a Igreja a representar-se a si mesma, tentando impedir as livres escolhas que quem nao cre nela?"


Não podemos tomar como imperativo dogmático aquilo que pensamos, só porque pensamos. A Igreja e o Estado estão separados institucionalemnte e hoje felizmente é assim no mundo dito civilizado.

Todavia, a Igreja não é um gueto onde, à custa do ateismo alheio, celebra a sua fé às escondidas. A Igreja é antes de mais o cinjunto de pessoas que enformam o próprio Estado, que, nao devendo ser confessional, também nao deve ser ateu. E confundes laiciscmo com ateismo. E isso é muito mau.

Por outro lado, tal como as forças sociais (sindicatos, associações, etc), a Igreja nao é um hobbie de uns quantos que o Estado permite, mas antes, tem por obrigaçao a denúncia de casos concretos de miséria e injustiça social. E curiosamente tem muita autoridade para falar disso porque é ela que colmata a falta de apoio a maes solteiras com casas de abrigo e acolhimento, a toxicodependentes e alcoolicos ditos anonimos. Para nao falar no manancial de ajuda desinteressada por voluntarios medicos, enfermeiros, psicologos e sem quaisquer habilitaçoes tecnicas que nao o espírito de ajuda no amor universal.

Reduzir a Igreja a uma expressão numerica, é ser-se nescio de cultura religiosa nao percebendo o papel desta e dos que a formam, na sociedade de capitalismo desenfreado e desumanizada em que se vive.

Quanto aos fundamentalistas, estou de acordo.

Hugs

Angelo disse...

E bem verdade que a Igreja tem um papel importantissimo no apoio social, por exemplo. E isso e ponto assente. O que eu nao posso aceitar e que tente impedir que as pessoas que nao creem nela possam escolher livremente. Dai ter falado no aborto e na facilitacao do divorcio.
As posicoes da Igreja sao conhecidas no que toca a estes assuntos e nao me parece que ficar indignado quando a Igreja faz propaganda que poderia diminuir os meus direitos enquanto nao-crente seja ignorancia da cultura religiosa. Porque as razoes que levam os sacerdotes a pensar como pensam nao importam, o que importam sao as palavras que proferem e as accoes que seguem.
Nao me considero ateu e mesmo que fosse nao poderia querer isso para nenhum pais (nao sou nenhum Hoxha albanes!), porque o Estado deve compreender todas as formas de pensamento que possam existir. Dai que o aborto e o divorcio devam estar disponiveis para quem quiser. Goste a Igreja ou nao...
Eu respeito o que o outro possa pensar, embora possas pensar que nao. Mas insisto que a Igreja muitas vezes nao me respeita.