sábado, março 12, 2011

As palavras que a desgraça no Japão me roubou

Ontem de manhã acordei, e como de costume, levantei-me e vim até ao computador. Ajuda a acordar-me antes das sete da manhã. Logo no Facebook, um status do Mao em Oita deu-me conta do grande tremor de terra que acontecera no Japão. Liguei imediatamente a televisão na NHK e tremi perante as imagens. Estavam a dar em directo a subida destrutiva do tsunami.

Não conheço ninguém naquela área, mas sabia que Tokyo também havia sido afectada e aí conheço uma mão cheia de gente.
Recebi notícias,  mas a desgraça foi tal mais a norte, que fiquei sinceramente triste o resto do dia.


Já todos nós temos assistido a acontecimentos destes e, claro, não podemos ficar alheios à destruição e ao sofrimento alheio.


Tenho estado a acompanhar as notícias ininterruptamente. Já vi mães a abraçar os seus filhos pequenos assustados com o acontecimento. Vi duas filhas chorarem de alegria porque foram reunidas com o seu pai, de quem não sabiam. Vi pessoas a serem alimentadas nos refúgios de emergência. Mas também vi uma mãe a chorar porque não sabia do seu filho, que muito provavelmente terá sido levado pelas águas. Também vi um velhote que não sabia da sua mulher. E uma outra senhora que viu tudo o que tinha ser destruído em segundos.

Numa desgraça destas, claro, haverá sempre histórias milagrosas, que serão sempre relembradas, mas também haverá muita história de gente anónima que desapareceu para sempre ou de outras pessoas que ficarão, ainda que vivas, marcadas para todo o sempre.


O sismo terá sido de 8.8 ou 8.9, conforme as fontes e terá movido o leito oceânico entre os 60 e 70 metros. 
A força foi gigantesca e, apesar de o Japão estar muito habituado aos abalos a toda a hora, nunca havia sentido tal força da natureza. 
Mas com este hábito, vem uma preparação que não existe em muitos sítios do mundo. Basta olhar para as imagens na televisão e ver que as pessoas não entram em pânico e são capazes de se alinhar numa cabine para ligar para casa para saber dos seus. Ou que aguardam pacientemente que os transportes voltem a funcionar para voltarem a casa.
Escusado será dizer que isto seria impossível num país como o nosso em que ninguém saberia o que fazer. Já para não falar da eterna suspeição que o povinho tem de quem lhes dá instruções... Porque eu sou sempre mais esperto que o próximo...


As estimativas apontam para um total de 1000 mortos. Sempre a lamentar, mas convenhamos que não é um número muito elevado para uma catástrofe destas. E isso só se consegue com a preparação constante que o Japão tem. E notem bem no número mínimo de edifícios que ruíu com o terramoto, apesar de ter sido tão forte.


O grande impacto, claro, foi com a invasão das águas. E a isso nada consegue resistir.

Agora o problema centra-se também em duas centrais nucleares em Fukushima, uma das áreas mais afectadas pela devastação.
A cada minuto vão havendo notícias sobre a central nuclear e o mundo todo só espera que não aconteça uma desgraça ainda maior. 
Um edifício explodiu numa das centrais, embora isso não esteja necessariamente ligado ao perigo de fuga radioactiva. Embora o perigo de isso acontecer seja maior...

Os peritos dizem que os abalos continuarão durante meses. Os solos alagados deverão levar muito tempo até que assentem e possam ser devidamente ocupados outra vez. E confio plenamente na capacidade de regeneração do povo japonês.


Os meus pensamentos estão com o Japão, hoje, mais do que nunca. E pudesse eu lá ir, nem que fosse para abraçar toda aquela gente, metia-me já num avião.

1 comentário:

James disse...

já estava a estranhar não haver uma palavra tua sobre esta tragédia. Embora não conheça o Japão, mas sei o suficiente da sua Historia e do seu povo para tal como tu acreditar plenamente na sua recuperação. A força de um grande povo vê-se em momentos como este e sei que o Japão vai surgir ainda mais forte! Abraço!