Há muita gente a saír de Tokyo. Se as coisas estão bem por agora, há muita gente que receia o que possa vir a acontecer. O Taka diz-me que os comboios-bala estão cheios.
A Yuko, aqui em Lisboa, deu-me conta de alguém com ideias tristes que se lembrou de andar a bater às portas de mulheres que vivem sózinhas em Tokyo dizendo que tinham que verificar o gás... Escusado será dizer que isto não era nada disto que iam fazer...
Mas vejam bem as imagens que nos chegam do outro lado do mundo: supermercados que pedem desculpa aos clientes por não terem a mesma oferta de sempre; gente nas filas à espera de abastecimentos, de uma forma ordeira; comida e água a finalmente a chegar de forma sustentada a quem está abrigado nas escolas e centros comunitários.
E alguém me dizia que, logo depois da desgraça e com o fecho dos transportes em Tokyo, gente anónima abriu as portas de suas casas a outras pessoas. Desconhecidos. E deram-lhes guarida nessa noite. Houve também muitos restaurantes que abriram as suas portas e deram de comida a quem por lá aparecesse. Gratuitamente.
E não se pode esquecer os cortes de energia. De forma concertada e aqui e ali vão acontecendo. O pessoal não gosta, claro, mas compreende que é um mal menor.
Nem tudo é exemplar, claro, mas em geral há muito que aprender com esta gente.
1 comentário:
A disciplina e a abnegação japonesa são admiráveis.
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