sexta-feira, março 28, 2008

Ainda acerca da historia do telemovel, da aluna e da professora

Tenho seguido a historia do "da-me o telemovel, ja!". Nao sou professor de carreira, mas e o que faco (e fiz noutro periodo da minha vida) e adoro faze-lo. Partilhar o que sei da-me alegria e interagir com os miudos e do melhor que ha. No Japao, ou melhor, nas escolas onde vou, nao ha problemas graves. Mas numa das primeiras escolas a que fui havia muitos alunos "com problemas". Sempre deixei o professor da aula tomar conta das ocorrencias, ate porque, de acordo com as regras do programa que me trouxe ao Japao, e da sua competencia. Mas, e como ja ca estou ha algum tempo, vou intervindo mais e mais a nivel da disciplina na aula.
Como professor, sei muito bem como "atacar" os problemas. Uma advertencia, no inicio, outra, talvez, e um acto mais punitivo depois disso.
Li muita coisa sobre a actuacao da professora. Uns que conrcordam, outros que se sentiram de certa forma violentados por a senhora ter encetado uma luta com a aluna. Pois eu faria o mesmo! Tenho a certeza de que a professora a tera advertido antes do que se viu no video e, a falta obvia de respeito devido a um professor, a professora teve que actuar. Torno a dizer, eu faria o mesmo. E se calhar tambem teria perdido a luta, que eu sou um franganote.
Mas o que interessa aqui nao e estar a tentar perceber o que levou a aluna a comportar-se daquela forma ou a tentar arranjar argumentos politicos e coorporativos para uma luta na lama. O que interessa e que os alunos foram castigados e muito bem.
Isto tudo porque li a noticia de que a mae da menina concordou plenamente com a sancao imposta a sua filha (toca a bazar da Carolina Michaelis), o que mostra que nem todos os paizinhos sao negligentes na educacao dos filhos. Ou seja, para aqueles que dizem que os pais nao querem saber, ca esta a prova do contrario.

No Japao, os telemoveis nao sao permitidos na escola. Muitas escolas, alias, so permitem que os alunos levem 10 ienes todos os dias consigo para fazerem uma chamada de emergencia se for preciso. Ou ate um professor a fara, se for necessario.
Nao sei se tal proibicao e boa ou nao - as escolas aqui parecem-se com a tropa - mas a verdade e que dentro de uma sala de aula nao ha lugar a telemoveis nem nada do genero. Esta-se la dentro para se aprender, quer se queira quer nao!

Fosse eu a fazer uma coisa destas, levaria um raspanete dos meus pais que nem mexeria os olhos com tanta vergonha.

Trabalhei numa escola secundaria antes de vir para o Japao, e assisti muitas vezes a desresponsabilizacao dos alunos. Em diversas ocasioes. Ok, eles tem direitos, como toda a gente, mas nao se pode fazer tudo aos meninos e eles nao darem nada em troca.
Nao e por nada, mas posso mesmo dizer que "no meu tempo nao era assim"! E nao sou assim tao velho!

Pelo que sei tambem, a professora vai processar judicialmente toda a turma. Pelo que vi no video, houve alunos que tentaram interceder para que a situacao nao piorasse. Nao sei se sera justo levar a tribunal toda a gente. Mas a verdade e que a dignidade da professora, como pessoa, e nao o seu lugar como professora, foi profundamente abalada. Esta no seu direito usar das ferramentas ao seu alcance para, que de algum modo, possa reparar-se e estar de novo, confidente, numa sala de aula.

E verdade que todas as situacoes sao diferentes, e a proximidade entre a escola, a comunidade e os alunos e de extrema importancia.
Repugna-me, nao so a falta de respeito a professora enquanto tal, mas sim a falta de respeito a professora enquanto pessoa. As regras existem e sao para se cumprir. Ate em Portugal!

4 comentários:

Anónimo disse...

Também já fui professora e quando vi este vídeo senti uma espécie de náusea - uma amiga psicóloga ensinou-me o termo para isto: "somatizar". Aliás, é a mesma náusea que sinto quando presencio qualquer cena de violência ou vejo carros acidentados.
Tudo aquilo, principalmente os comentários do tipo que filmou a cena, foi de uma agressividade e violência que me perturbaram bastante, talvez por também já ter sido professora.
Concordo com o que dizes mo teu post em relação à disciplina e responsabilização dos alunos - que apenas são crianças no que lhes interessa. E nem quero imaginar que género de adulto irá sair dali...
Beijos

Anónimo disse...

Eu também fiquei chocado com este caso.
Actualmente em Portugal passou-se do 80 ao 8, ou seja, do excessivo autoritarismo salazarista ao absoluto laxismo da democracia... Parece que o poder da Autoridade é menosprezado, notando-se isso em todos os sectores da sociedade: Justiça, Ensino, Forças de Segurança, etc.
É necessário que, cada vez mais, a Autoridade reforce o seu poder com os meios legais disponíveis, claro está, respeitando os direitos fundamentais do cidadão. Hoje em dia as pessoas só vêem os seus direitos, mas esquecem-se que também têm deveres...
Acredito que uma situação destas seja impossível de acontecer no Japão, cuja cultura é propensa à disciplina. E isso reflecte-se no desenvolvimento do país. Aliás, salvo erro, é o país com as menores taxas de criminalidade do mundo...
Acho que os japoneses deviam emigrar para cá...


PS: No controverso vídeo, à excepção da prof, na sala de aula só havia primatas...lol

Anónimo disse...

Discordo em parte do que dizes, e sem querer repetir o que disse vezes sem conta a outras pessoas e até em alguns artigos, diria o seguinte de forma sucinta:

Valter Lemos (do Ministério) é uma nódoa e cheira-me a corrupção. SE te falasse nalguma legislação avulsa até parece feita para compadrios.

Sobre a piquena do telemóvel diria isto:

Causou-me impressão, nao tanto a actuação da aluna, mas a passividade dos colegas perante o que estava a acontecer;

A DREL, neste caso a DREN, está sempre a favor dos alunos e dos pais, nunca dos seus (docentes e funcionarios em geral). Quando se deu o caso, O Conselho Executivo da Carolina Michaelis e a DREN pareciam dois miudos com medo de repreender a aluna.

Pelo meio veio a Associação Nacional de Pais defender a pequena (absurdo dos abusrdos) e os pais que num momento segundo admitiram a vergonha e o link que deixaste em "mea culpa" no início do rebentamento do escândalo ameaçaram o CE da escola de quaisquer represalias contra a filha.

Finalmente, a professora nao tinha apresentado queixa, coisa que já o fez e que se lê no link que deixaste (embora já o soubesse) mas certamente por pressão das colegas. Hoje, é necessário ser-se muito arrojado para dar um tapa num aluno ou duizer perante o país
que assume as consequencias de um acto arrojado ainda que nao meta violencia nem tapa algum...

Por último, my fellow Angelo (Ang? ajaponado agora? pelo menos assinavas assim no link que enviavas do teu blog para comentar), por último, dizia eu, a transferência de escola não é para mim literalmente NADA.

Neste 3º periodo que começa 2ª feira dia 31, a QNE (uma escola secundária em Algés para quem estiver a ler isto e nao conhecer embora o nome nao seja este) vai receber um aluno de uma escola de Oeiras pelo mesmo motivo: a sanção foi transferência de escola.

Antes, havia suspensão ou expulsão. Agora há transferência e o Ministério pondera para estes casos um mediador de conflitos e um psicólogo. GIVE ME A BREAK.

A terminar, duas coisas:

A transferência de escola não me pareceu adequada porque o castigo nao se revelou exemplar;

2ª: logo; se nao se tornou exemplar vai motivar, causar, fomentar na população adolescente em geral, desde os 7ºs e 8ºs até aos 11ºs (porque depois começam a ter mais atitude auto-crítica) comportamentes análogos. Os alunos vao sentir-se inimputaveis, ainda que nada façam, porque a classe docente está desprotegida, os funcionários sobretudo de acção educativa (leia-se antigos contínuos) também não, e se alguém prevaricar saberá que se numa quase agressão física desta ranhosa histérica a uma professora redundou numa MERA TRASNFERENECIA DE ESTAABLECIMENTO DE ENSINO, entao tudo é possivel...

Hugs

Anónimo disse...

Recorrer para o Ministério deveria ser uma última instância e não por qualquer coisinha.

O Ministério devia emanar normas gerais e abstractas para que cada Conselho Executivo acolhesse no seu regulamento interno as normas específicas que achasse adequadas ao meio em que a escola está inserida, e ao conhecimento natural da sua orgânica interna (alunos, funcionários - neste, contam-se os docentes, obviamente, que são funcionários).

Assim, a educação fazia-se na mesma, não por imposições ou retaliações, mas pela aplicação de uma justa e adequada, espantando, assim, futuros comportamentos e sendo exemplo para os colegas actuais e futuros. Tal não significa não haver ponderações, mas tão-só criar o respeito pela instituição Escola, incluindo os próprios alunos.



Daniel Cândido da Silva





Sobre a pequena do telemóvel diria isto:

Causou-me impressão, não tanto a actuação da aluna, mas a passividade dos colegas perante o que estava a acontecer;

A DREL, neste caso a DREN, (e curiosamente também os Conselhos Executivos) está sempre a favor dos alunos e dos pais, nunca dos seus (docentes e funcionários em geral). Quando se deu o caso, O Conselho Executivo da Carolina Michaelis e a DREN pareciam dois miúdos com medo de repreender a aluna.

Pelo meio veio a Associação Nacional de Pais defender a pequena (absurdo dos absurdos) e os pais que num momento segundo admitiram a vergonha e que não foi essa a educação que lhe deram, o facto é que quando do rebentamento do escândalo ameaçaram o CE da escola de quaisquer represálias contra a filha.

Finalmente, a professora não tinha apresentado queixa, coisa que já o fez mas certamente por pressão das colegas. Hoje, é necessário ser-se muito arrojado para dar um tapa num aluno ou dizer perante o país
que assume as consequências de um acto arrojado ainda que não meta violência nem tapa algum...

Por último, a transferência de escola não é para mim literalmente NADA.

Perante o sucedido, o Ministério pondera para estes casos um mediador de conflitos e um psicólogo. GIVE ME A BREAK.

A terminar, duas coisas:

A transferência de escola não me pareceu adequada porque o castigo não se revelou exemplar;

2ª: logo; se não se tornou exemplar vai motivar, causar, fomentar na população adolescente em geral, desde os 7ºs e 8ºs até aos 11ºs (porque depois começam a ter mais atitude auto-crítica) comportamentos análogos. Os alunos vão sentir-se inimputaveis, ainda que nada façam, porque a classe docente está desprotegida, os funcionários sobretudo de acção educativa (leia-se antigos contínuos) também não, e se alguém prevaricar saberá que se numa quase agressão física desta ranhosa histérica a uma professora redundou numa MERA TRANSFERENCIA DE ESTABELECIMENTO DE ENSINO, então tudo é possível...


Recorrer para o Ministério deveria ser uma última instância e não por qualquer coisinha.

O Ministério devia emanar normas gerais e abstractas para que cada Conselho Executivo acolhesse no seu regulamento interno as normas específicas que achasse adequadas ao meio em que a escola está inserida, e ao conhecimento natural da sua orgânica interna (alunos, funcionários - neste, contam-se os docentes, obviamente, que são funcionários).

Assim, a educação fazia-se na mesma, não por imposições ou retaliações, mas pela aplicação de uma justa e adequada, espantando, assim, futuros comportamentos e sendo exemplo para os colegas actuais e futuros. Tal não significa não haver ponderações, mas tão-só criar o respeito pela instituição Escola, incluindo os próprios alunos.



Daniel Cândido da Silva