sexta-feira, novembro 05, 2010

Suécia: 10 anos e 20 quilos depois I

Há exactamente 10 anos, vivi quase 8 meses neste país que sempre me deixou saudades: a Suécia. Nunca voltara, porque prefiri andar por outros cantos do mundo ou, porque pura e simplesmente, não havia guito.
Apercebi-me, de repente, que passavam agora 10 anos sobre a minha vinda para Piteå, bem no norte da Suécia. E marquei o meu regresso. E marquei-o para o mesmo dia em que voara há 10 anos: 1 de Novembro.



Nas últimas semanas, confesso, já não falava noutra coisa e não pensava em mais nada. Porque vivi aqui momentos felizes e belíssimos: vi neve pela primeira vez, comi peixe fermentado, sobrevivi a -28C, conheci gente maravilhosa. E essas coisas, mesmo que passados 10 anos, deixam saudades. E marcam-nos para sempre.
Por isso, nunca deixei a Suécia para trás. Como nunca deixarei o Japão. Porque ambos são eu, também.

As preparações para a viagem ficaram terminadas no dia anterior à minha partida. Por coincidência, estive de folga do trabalho, o que facilitou tudo, porque assim não andei a mil.
E houve alguém lá em casa que adoptou a minha mala como cama...



Os meus pais e os meus canitos levataram-se cedíssimo para me deixarem no aeroporto. É uma espécie de tradição.
Eu estava nervosíssimo, porque, desde que o avião em que seguia de Melbourne para Singapore atingiu um poço de ar e perdeu altitude, que eu voo sempre com um nó no estomago. Aliás, o nó era tão grande, que o pequeno almoço ía voando também...

Seja como for, tratei de tudo com a senhora muito simpática do check-in, que me disse para eu não estar nervoso.

La segui caminho com a KLM. Próxima paragem: Amsterdam!



Sempre que o avião tremia eu só respirava e agarrava o apoio do assento. Nem comi nada. Só bebi um suminho de maçã...

O céu até estava limpo e a coisa correu bem... Para uma pessoa normal. E lá cheguei à primeria paragem... Onde, como se pode ver, as coisas são estranhas. Afinal, o neerlandês também é uma língua traiçoeira!



Depressa deixei a nublada Amsterdam e segui caminho para Stockholm...






Eu gosto muito de aeroportos e companhias aéreas, por isso dar com um avião da Etiópia é sempre giro...



Fiquei umas quantas horas em Stockholm. O que me deu muito jeito, porque pude descontraír e o nó no estomago lá se desfez...
Regressei ao aeroporto que, há 10 anos atrás, me viu correr que nem um doido entre terminais porque me tinham dito em Lisboa que as malas estavam despachadas até ao meu destino final quando, afinal, quando se entra na Suécia, temos sempre que levantar a nossa bagagem! Na altura, ía perdendo o último avião para o norte! Mas correi que nem um doido e lá consegui chegar. Sem malas e sem fôlego, mas com uma hospedeira muito fofinha a dizer para eu não me preocupar... Com o pessoal todo do avião a olhar para mim, que na Suécia não há atrasos...

Bem... Desta vez a minha bagagem estava comigo e fui logo despachá-la. E em 3 horas almocei e jantei, que estava cheio de fome! E o meu jantar foi um hamburger do Max, a hamburger shop cá do sítio. Que a Suécia não são só os ABBA!



Depressa chegou a hora do meu embarque. Confesso que, por esta hora, já estava cansado e desejoso de chegar... Tanto que já nem tirei muitas mais fotos...

O voo para Luleå saíu à hora marcada, como seria de esperar... Estava escuro, como é normal por estas bandas nesta altura do ano... E lá se íam vendo as cidadezinhas lá em baixo...

Cheguei ao aeroporto e, tal e qual como há 10 anos, a Maj Lis estava à minha espera. Eu estava tão feliz que, quando a abracei, ía chorando. Até lho disse.



Ficámos naquele abraço por uns instantes e deixámos o aeroporto rumo a Piteå, a uma hora de carro. A "minha" cidade sueca.

Viemos na conversa o caminho todo. A lembrar histórias passadas e coisas do presente. E a Petra, filha da Maj Lis e que veio no mesmo voo que eu, também lá vinha.

A Maj Lis deixou-me em casa da Desiree, o meu destino aqui na cidade. E a Desiree mora exactamente na mesma zona onde eu morava!
Ela veio ao frio da rua receber-me. Mais um abraço prolongado e umas quantas emoções. Viemos para dentro e falámos imenso tempo, mas sempre a sussurrar, que o marido dela estava já a dormir. O que nos ríamos com o ridículo da situação: 10 anos de distância, tanta histeria no reencontro e nós a sussurrar. Mas no fundo, no fundo, parece que nem um dia passou...

3 comentários:

um coelho disse...

Jättebra! Com sorte ainda vês umas northem lights.

Se fores a Haparanda manda cumprimentos lá no hostel!

João Roque disse...

Imagino as tuas emoções...

ArtByJoão disse...

E quando desempacotaste as malas não tinhas lá nenhum cãozito congelado? Lololol... Boa estadia!

Da Costa De Carvalho dixit