Eu raramente falo deste episódio da minha vida. Porque sempre o achei um desperdício total do meu tempo, dos recursos do país e da inteligência de quem tem dois dedinhos de testa.
Mas, acreditem ou não, esta cena da Maitê Proença fez-me lembrar um episódio de quando estava na tropa. Sim, amigos e amigas, fui à tropa. Quatro míseros meses. E ainda estou para perceber como é que montar e desmontar uma arma mais velha que a minha avó irá enriquecer a minha vida.
Mas isto vinha a propósito desse sentimento nacionalista que de repente se levantou por causa do vídeo da dita senhora. Pois que a mim pouco me afectou. O que me afectou, e que fiz questão de partilhar nos comentários que deixei por aí, foi a ignorância da senhora. Sim, que dizer piadas sobre os portugueses é uma coisa, mas nem saber do que se fala é outra. Até porque em Belém vê-se o Tejo. O belo Tejo, pá!
Mas íamos ter uma reunião preparatória dessa coisa idiota que é o juramento da bandeira. Já tínhamos lido o que tínhamos de dizer e tanto eu como o resto do pessoal do pelotão nem queríamos acreditar naquilo. Defender a pátria, dar a vida por ela, cortar os pulsos e cuspir para o chão, coçar os tomates trá lá lá.
Estávamos lá na reunião e o senhor, já não me lembro se o tenente se o sargento que nos guardavam, perguntou se tínhamos alguma coisa a dizer em relação áquilo. Ora, aqui o cadete Meneses, claro, aproveitou a oportunidade e levantou a mãozinha. E o cadete Meneses, que não sabe estar calado, disse que não concordava com aquilo, que a pátria não é uma coisa tangente, é, isso sim, um sentimento do qual podemos partilhar ou não. E que eu não o fazia. Que a nação, isso sim, existe, está lá e até, em condições normais, vem no mapa. E hoje acrescento que nem sempre vem, mas que se fôr respeitada a sua existência, já fico feliz.
Pois bem, houve mais mãozinhas e vozinhas a concordar com o cadete Meneses. Mas como a ignorância é lixada só levei com esta bela resposta cadete Meneses, se não quiser fazer o juramento, não faz. Ao que retorqui, entre lá ir e dizer meia dúzia de palavras e ir preso, prefiro ir lá dizer as palavras. E assim foi. A conversa acabou-se.
É por isto que recuso qualquer discurso nacionalista. Faz-me confusão. Porque não comungo dele, porque não sou nada de dar a vida pela pátria. Talvez porque não entenda o que é.
Trabalhar pelo meu país, sim. Mas são coisas diferentes. Porque essa da pátria é uma coisa tão, como dizer, sobranceira, tão a minha é melhor que a tua.
Daí que as piadas da Maitê pouco me tenham afectado. Já a ignorância dela é diferente... É muito mais gravosa... Aliás, a ignorância faz-me muita impressão...
E não quero com isto tudo dizer que sou contra a instituição militar! Não senhor! Mas assim como está é que é bom: vai quem quer. E devem ter condições decentes para lá estarem.
Que a tropa é como tudo: resulta muito melhor se fôr feita com gosto!
(Sim, podia ter pedido o estatuto de objector de consciência e não o fiz. Talvez se fosse hoje o fizesse. Mas, naquela altura, estava convencidíssimo de que não iria parar a Vendas Novas! Aliás, se soubesse o que sei hoje, a coisa teria terminado na inspecção. Enfim, um gajo vai aprendendo.)
Mas, acreditem ou não, esta cena da Maitê Proença fez-me lembrar um episódio de quando estava na tropa. Sim, amigos e amigas, fui à tropa. Quatro míseros meses. E ainda estou para perceber como é que montar e desmontar uma arma mais velha que a minha avó irá enriquecer a minha vida.
Mas isto vinha a propósito desse sentimento nacionalista que de repente se levantou por causa do vídeo da dita senhora. Pois que a mim pouco me afectou. O que me afectou, e que fiz questão de partilhar nos comentários que deixei por aí, foi a ignorância da senhora. Sim, que dizer piadas sobre os portugueses é uma coisa, mas nem saber do que se fala é outra. Até porque em Belém vê-se o Tejo. O belo Tejo, pá!
Mas íamos ter uma reunião preparatória dessa coisa idiota que é o juramento da bandeira. Já tínhamos lido o que tínhamos de dizer e tanto eu como o resto do pessoal do pelotão nem queríamos acreditar naquilo. Defender a pátria, dar a vida por ela, cortar os pulsos e cuspir para o chão, coçar os tomates trá lá lá.
Estávamos lá na reunião e o senhor, já não me lembro se o tenente se o sargento que nos guardavam, perguntou se tínhamos alguma coisa a dizer em relação áquilo. Ora, aqui o cadete Meneses, claro, aproveitou a oportunidade e levantou a mãozinha. E o cadete Meneses, que não sabe estar calado, disse que não concordava com aquilo, que a pátria não é uma coisa tangente, é, isso sim, um sentimento do qual podemos partilhar ou não. E que eu não o fazia. Que a nação, isso sim, existe, está lá e até, em condições normais, vem no mapa. E hoje acrescento que nem sempre vem, mas que se fôr respeitada a sua existência, já fico feliz.
Pois bem, houve mais mãozinhas e vozinhas a concordar com o cadete Meneses. Mas como a ignorância é lixada só levei com esta bela resposta cadete Meneses, se não quiser fazer o juramento, não faz. Ao que retorqui, entre lá ir e dizer meia dúzia de palavras e ir preso, prefiro ir lá dizer as palavras. E assim foi. A conversa acabou-se.
É por isto que recuso qualquer discurso nacionalista. Faz-me confusão. Porque não comungo dele, porque não sou nada de dar a vida pela pátria. Talvez porque não entenda o que é.
Trabalhar pelo meu país, sim. Mas são coisas diferentes. Porque essa da pátria é uma coisa tão, como dizer, sobranceira, tão a minha é melhor que a tua.
Daí que as piadas da Maitê pouco me tenham afectado. Já a ignorância dela é diferente... É muito mais gravosa... Aliás, a ignorância faz-me muita impressão...
E não quero com isto tudo dizer que sou contra a instituição militar! Não senhor! Mas assim como está é que é bom: vai quem quer. E devem ter condições decentes para lá estarem.
Que a tropa é como tudo: resulta muito melhor se fôr feita com gosto!
(Sim, podia ter pedido o estatuto de objector de consciência e não o fiz. Talvez se fosse hoje o fizesse. Mas, naquela altura, estava convencidíssimo de que não iria parar a Vendas Novas! Aliás, se soubesse o que sei hoje, a coisa teria terminado na inspecção. Enfim, um gajo vai aprendendo.)
5 comentários:
Sobre a Maitê já se disse tudo!!!!
Sobre a tropa, eu malhei com os ossos na Guiné e em Moçambique, e aguentei aquela palhaçada quase 3 anos!!!!!
E não foi por patriotismo. Por opção de mal menor, pois não me via a fugir do país e não poder voltar.
Mas o que é curioso, é que durante essa FANTOCHADA do juramento de bandeira, os meus lábios (e os de muitos mais) permaneceram fechados a sete chaves.
Abraço.
A malta que nasceu em 85 e anos seguintes, vai a uma reuniãozita e coiso e tal... passa automaticamente para reserva territorial. Boa né?
Porém, acho que tropa faria bem a uns quantos gandins que têm a mania que são invencíveis e não têm respeito por ninguém. Andar com a G3 atrás e a saltar para o infinito (lol) durante uns mesitos se calhar faria com que apreciassem mais o que têm em casa... aka a mãezinha! A idade mental de um jovem de 18 anos de hoje em dia é completamente diferente da de um de há uma(s) década(s) atrás.
No entanto, sou contra o serviço obrigatório... pq simplesmente há pessoas que têm mais a ganhar em estar 'cá fora', do que andar a escavar e a correr às tantas da manhã.
Lembro-me estava eu na escola e entra a PM a dentro da sala de aula ao lado e levou um colega algemado! Qual estudar qual carapuço, tropa!!! Episódio lindo.
Quem vai para a tropa hoje em dia não é para defender a pátria... mas sim por aspirações pessoais e porque a reforma é uma maravilha!
Tem mais amor à pátria quem se contenta com o ordenado mínimo e não emigra!
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Acerca da Maité... epá, já fui ao youtube ver. Embora não esteja a par do alarido todo, acho que ao dar-se demasiada importância à coisa, desce-se ao mesmo nível. No entanto uma multazinha por cuspir na fonte não lhe tinha feito mal nenhum.
Txé, alonguei-me sorry!
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Subscrevo inteiramente o teu post.
Tropa à parte, as questões nacionalistas e patrióticas também me fazem imensa confusão. Sou como Fernando Pessoa: "A minha pátria é a língua portuguesa".
Quanto ao caso da Maitê Proença, ela devia ter sido criticada pela má-educação e não pela alegada lusofobia.
Enfim, quando a nossa auto-estima é baixa, qualquer coisa serve para elevá-la, inclusive discussões patrioteiras... :)
não fiz serviço militar. mas esse amor cego pela pátria não tem nada a ver com nada: concordo em tudo. e a Maitê, tadinha... tenho pena dela. mas fosse o inverso e gostava de ver: o colonialismo e o pós-colonialismo, o pretensiosismo, etc. e tal. vá lá que ela cospe, não engole!
abraços
E disto tudo o que achei mais engraçado é o facto de teres ido parar a Vendas Novas... não por teres que aturar a chamada tropa macaca, mas porque é a terra da minha mãe e onde já fui muito feliz!
Às vezes penso mesmo que não existem coincidências... o mundo é tão pequenino!
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