domingo, janeiro 18, 2009

Melbourne 16/Jan - Cheers, mate(s)!

Estou confuso. Quero e não quero estar aqui. Sinto-me bem em estar de volta, mas também não me sinto. E tudo isto é estranho.
Enquanto fazia o check-in em Melbourne, e depois de a senhora, de véu a esconder-lhe o cabelo certamente escuro, me perguntar como estava, eu dizia-lhe que não me queria ir embora. E não queria mesmo, porque estar em Melbourne - ou em qualquer um dos sítios por que passei - foi como estar em casa. Não só porque as coisas me são mais familiares, porque entendo o que se passa à minha volta, porque ansiava por uma forma muito mais relaxed de fazer as coisas e, sobretudo, porque estive rodeado de amigos. Dos bons, como todos os que tenho.
Mas o Jonathan e a Lauren deixaram-me aqui à porta do prédio e eu, enquanto carregava tudo escadas acima, só esperava por abrir a porta e estar na minha casa. No meu espaço, com as minhas coisinhas. Mas quando entrei senti que tudo era diferente. Ou parecia sê-lo. O chão brilhava mais, as paredes estavam mais claras. Mas uma coisa tinha a certeza, a casa estava um gelo. Afinal, foram uns 22 dias de passeio.

Mas em Melbourne, a mulher retorquiu com um "então não se vá embora". O que me deixou deliciado. Mas as coisas da vida esperavam-me aqui no Japão. E apesar de ter adorado os antípodas, eles são longe de tudo. De tudo! Se se lembram, só entre a Austrália e a Nova Zelândia são três a quatro horas. E do sul da Austrália a Singapura são umas sete! Com isso tudo, cruzo a Europa.

Resumindo e concluindo, adorei esta viagem. Como todas as outras. Mas também de forma diferente porque, como disse, tive o privilégio de estar em família. De estar rodeado de amigos e de estar no outro lado do mundo. E tudo somado, sabe muito bem!

A Hanae, o John e a Angela, mãe do John, deixaram-me no aeroporto. E que difícil foi dizer adeus.


Como já descrevi antes, a viagem em geral nem correu mal, não fosse o meu primeiro poço de ar antes de chegar a Singapura (e ouvi os comissários de bordo a conversarem com um passgeiro e a dizer que aquele até tinha sido pequenino!), a dor de cabeça em Singapura e, depois, montes de turbulência antes de chegar ao Japão. E eu que detesto turbulência, seja em que forma for!

Chego ao Japão e as histórias começam logo. Ao passar a fronteira, e como tenho residência no Japão, passo por um corredor especial. Onde nos tiram a dita foto e as impressões digitais. Uma treta que inventaram por causa da ameaça terrorista... Quando os ataques terroristas em solo japonês foram, até hoje, todos perpretados por japoneses...
Enfim, estou na fila e ao meu lado está um segurança a confirmar que temos a documentação em ordem antes de passarmos a fronteira propriamente dita.
Eu tenho tudo em ordem, mas o tipo atrás de mim parece não ter, porque lhe falta um papelote que levou à saída do Japão. Não só o segurança lhe fala só em japonês (quando o tipo claramente não compreende tudo!) como se vira para mim e pede que mostre a esse tipo atrás de mim, que não sei quem é, o tal papelote que ele parece não ter. Ora, o papelote contém o meu nome e outros dados pessoais. Vai daí eu digo-lhe "desculpe, mas não. Não vou mostrar informação pessoal assim"!
Ó pá, se calhar até fui um cabrãozito e podia ter dado uma ajudinha, mas isto mostra bem a forma quase amadora como este país funciona e que me decepciona muito. Sim, as coisas funcionam, é bem verdade, quando corre tudo bem , porque quando há um problemita é o cabo dos trabalhos. E, ainda por cima, a dois passos do segurança há uma secretária com uma cópia-modelo do papelote em questão!
Se as coisas não funcionam em Portugal, é sobretudo porque os funcionários não prezam aquilo que fazem ou estão num dia mau e tudo corre mal. Aqui isso não acontece, mas há problemas de outra ordem, como a impossibilidade de pensar e improvisar no momento.

E depois passo pela alfândega. Tinha preenchido o papelote e havia uma pergunta que rezava assim "comprou alguma coisa a pedido de alguém e trouxe-a para o Japão?". Eu reli a pergunta umas quantas vezes para ter a certeza de que estava a perceber bem, porque a coisa não fazia sentido.
Eu não disse nada à simpática menina da alfândega, mas ainda agora não percebo a pertinência da pergunta. Ou é mesmo uma pergunta inútil ou então está mal traduzida e queriam perguntar se alguém no estrangeiro me tinha dado alguma coisa para trazer para outro alguém no Japão...

O que me valeu ainda antes da novela começar foi ver o sol subir o horizonte a caminho do, afinal, país do sol nascente. E que belo estava o horizonte, um misto de uma cor escura, depois rosa e laranja e um azul claro.

Mas ainda em Melbourne, passei a manhã na ronha até que fui ao Victoria Market fazer umas comprinhas de última hora que, graças à crise mundial e ao preço baixo do dólar australiano, ainda tinha dinheiro. E lá fui eu. E depois voltei a casa e esperei pelos meus amiguinhos kikos.
A Hanae conhece um sítio óptimo para kebabs e lá fomos nós.



Estava absolutamente divinal e foi, sem sombra de dúvida, dos melhores kebabs que já comi, só comparáveis aos de Hanover e Strabsourg!

Agora que estou em Oita, onde está frio, mas o sol brilha, fico contente por ter dormido na minha cama. Não estou louco com o regresso ao trabalho amanhã, mas sinto-me com energia e força para começar já amanhã!

O que também é interessante, agora que estou de regresso, é que me sinto em contagem descrescente. Daqui por pouco mais de seis meses quero deixar o Japão para trás e partir para um nova etapa da minha vida. Etapa essa que, confesso, me assusta, porque não sei como vai ser e eu gosto de ter as coisas sob controlo. Seja como for, estou determinado que dar o próximo passo é o melhor para mim!

OH MY GOD! Acabei de receber, agorinha mesmo, uma encomenda maravilhosa do João e da Maria José (conhecidos, também, por pappy and mommy em terras japonesas!)


E a verdade é que já ataquei as línguas de gato!!! É que eles não se esqueceram que eu adoro, adoro, adoro línguas de gato!
ARIGATO, meus amigos. Nem sabem como fiquei feliz!!!

3 comentários:

J. Maldonado disse...

Bem-vindo a casa.
Gostei dos teus realatos sobre a Austrália e a Nova Zelândia.

ArtByJoão disse...

Filhote,

Desculpa lá o estado das queijadas de Sintra... Mas estiveste quase 1 mês fora de casa, ainda por cima sem avisar os pappy e mommy... Até muita sorte tiveste porque cá em terras lusas tinham já devolvido a encomenda há umas boas calendas... Bom ano, bom regresso e até sempre!!!

Ass. Pappy

Daniel C.da Silva disse...

Ang (que já deixaste de novo de ser Angelo Dundee, agora que já não estás na Austrália nem na Nova Zelândia!

É natural que sintas "quero estar aqui e nao quero estar". Todos sentem o mesmo com diversas variáveis como as circunstâncias, o tempo que se esteve de férias, etc etc etc)... Mas sabe sempre bem o retorno. Seja onde for. E 20 dias a calcorrear os antípodas não é o mesmo que um fim de semana elsewhere... Logo, o sentimento é maior...

E umas férias deste naipe, com amigos bons e conhecidos MESMO, não são também umas férias com pessoas daqui e dali que mal se conhecem/vêem... Como sabes muito bem, tiveste o melhor... Basta ler os teus "diários" de viagem :)

A pergunta "alfandegária" *comprou alguma coisa a pedido de alguém e trouxe-a para o Japão?* é, efactivaente muito estranha. Má tradução, como aventas, ou perguntas inútil, como também lanças para o ar, podem ser duas fortes explicações. Realmente...

Só mais duas coisas: achei maravilhoso teres umas coisinhas boas para degustares da mãe e do pai. Eu comia linguas de gato em miúdo... embora nao apreciasse assim tanto porque também havia (e há, tal como as linguas de gato) "beijinhos", uns docinhos mínimos com um cone de aç~ucar colorido por cima sendo a base de bolacha como a lingua de gato...

A última coisa, Angelo Manuel Serafim Saudade Oitiano Português: então tu fazes uma viagem deste calibre (antipodas e mais de 20 dias) e chegado a Oita vais trabalhar no dia seguinte?

For holidays Sake! Eu sou exactamente o oposto: preciso sempre de um rom-rom em casa durante pelo menos 5 dias até retomar a vida activa... Gosto de fruir tudo sem entrar logo no ramerrão...

Ainda bem que tudo correu bem, e obrigado pelas descrições mais humanas do que turisticas que presenteaste a tantos amig@s que tens em toda a parte... Chega a ser impressionante :)

Welcome back (em Oita, claro), e quanto aqui a estas terras lusas, se a tua nave está a chegar ao fim deste pequeno sistema solar onde te propuseste estar por... how long, mesmo? eu ficaria menos apreensivo ou receoso ou ansioso porque também já disseste num antigo post qualquer queterias ainda algum dinheirito para uns tempos, e poupado como és, ainda vais a tempo de te dar ao luxo de podes estar no dolce fare niente sem que te sobreocupes, embora entenda que gostes de ter as coisas sob controlo. Such as me. Mas também de "let go", de nao esquadrinhares ao milimetro a tua vida...

Isso faz-te mal à pele :) E à juventude...

All te best

Yours

Daniel Candido da Silva (Pipe)