quarta-feira, junho 04, 2008

Desafio - parte 8.2

A Faneca nunca mais disse nada e isto tem que andar para a frente... E como o JC ja deixou um comentario acerca da coisa e u sou temente a Ele, o desafio vai ter que ir parar a outra pessoa... E desta vez sera (tchan tchan tchan tchan) a LENA, menina da FLUL.


Dez autores, dez parágrafos, uma história. A dobrar por caminhos diferentes. É este o desafio do Y. O mesmo início, com caminhos e finais diferentes.
Este é o link para o regulamento, para que daqui em diante o desafio não se perca http://vitaminay.blogspot.com/2008/05/desafio.html


Aquela manhã de nevoeiro disperso estava a acordar aos poucos. Tal como aqueles olhos que iam abrindo de mansinho, a medo, e ficaram focados na janela gigante que dava para a praceta onde permanecia uma estátua de um qualquer marquês. Pôs-se de joelhos, com as mãos amarradas atrás das costas, e levantou um pouco a cabeça. Torceu todo o corpo para a esquerda e só então conseguiu lembrar-se do que tinha acontecido.
(ÿpslon, vitaminaY)

A memória chegava-lhe em imagens difusas, ele sabia que situação onde se encontrava era mais do que uma manhã embaraçosa depois de uma noite que não quis passar sozinho. a cada expiração, a dor lembra-lhe da posição do seu corpo contorcido... os olhos a custo procuravam alguma familiaridade naquele quarto-jaula, param no preciso instante em que o pé toca em algo, foca uma mulher, Leonor, uma imagem difusa da noite anterior, também atada, contorcida, de olhos fechados, a começar a murmurar repetidamente…- “como fomos capazes…como fomos capazes…”(indigente andrajoso, indigente andrajoso)

As lágrimas não demoraram a jorrar-lhe dos olhos. a disposição de todos os objectos naquele quarto fazia prova do caos da noite anterior: o cinzeiro que não chegava para tantas beatas, as lâminas de barbear usadas e dispostas numa fila metodicamente organizada, os restos do sangue debaixo do abajour carcomido pelo cortejo de lâmpadas acesas nos últimos dias. Ele tentava aligeirar o nó que feria os seus pulsos em vão e as cordas marcavam cada vez mais as veias onde o sangue corria descontroladamente. Cheio de culpa e náuseas, ele não conseguia parar de imaginar como seria possuí-la neste cenário desolador. Uma e mais outra vez.(M., borboletas na barriga)

Foi a última imagem nítida que teve. Se à nitidez, como ao branco para os esquimós, se podem atribuir inúmeras tonalidades, aquela com que se via a tomar de assalto o corpo quase sem vida que se punha a jeito pela proximidade serviu perfeitamente de passagem para o espaço onde nos entretemos enquanto estamos no vai não vai para ir fazer companhia a morfeu. Esse espaço em que o inconsciente começa a tomar conta da vida regrada e, durante umas horas, nos permite o voo livre, foi onde tudo começou a ficar mais claro. O zapping mental que o assolou, os fotogramas em flashes acelerados temperados com a sensação típica da maceração dos vapores alcoólicos e químicos que ainda lhe inundavam a maior parte do cérebro, conduziu-o a uma inesperada epifania. "preciso de sair já daqui"- pensou. não teve tempo de equacionar a fuga. Com um som estridente de grilhões, abriu-se a porta do quarto...(jc, numb)

..., e conseguiu vislumbrar uma sombra. Parecia tenebrosa. Por outro lado, medonhamente familiar. Conseguindo ultrapassar a dificuldade de focar em contraluz, apercebe-se e grita arregalando os olhos em pedido de auxílio e susto:
- Pai! - gritou ele, visivelmente assustado e esmagado com o tráfico de flashbacks que estavam a vir à memória, sentido ter cometido o erro fatal, sem se lembrar concretamente a razão de estar ali no meio daquele turbilhão de recordações rápidas.
- Pai, as correntes não! Por favor, pai! Não, pai! - entre gritos casados com expulsão trágica de cuspo descontrolado no discurso de misericórdia de quem sente o maior aperto da vida - Pai, eu não queria ter estado com a Leonor, pai - justifica-se ele, num tom de claro desespero, acompanhado de início de choro, a decorrer para a compulsividade.
- Eu não sei o que fazer mais de ti, meu filho..., filho?! - suspirando o homem forte e alto, demonstrando uma calvíce digna dos 54 anos - nem isso te posso chamar. Por isso trago-te aqui alguém que não sabes quem é, mas que te conhece muito bem.(Amélia, Bichísses em Sério)

Queria não olhar para aquela figura que tinha assomado à porta. Não queria crer que o meu pai a tinha trazido até ali.
- Não! Ela não! – murmurava entre soluços sentidos e sofridos, fruto da agonia ímpar que estava a sentir .
-Ela nunca me quis! Porquê agora?- Sussurava segurando a cabeça com as mãos.
Os dedos crispados arrancavam pequenos fios de cabelo, de onde escorriam gotas de um suor inundado pelo sofrimento.
Tudo era irreal à sua volta, a insanidade tomava conta do seu ser. Contorcia-se na tentativa de se libertar daquele estado de impotência máxima, em que os seus movimentos eram tolhidos pela cordas que o aprisionavam violentamente.
-Leonor! Não me deixes aqui sozinho! – balbuciava enquanto olhava para o corpo inerte que jazia ao seu lado.
De repente um som estridente chamou-o à realidade, e um grito saíu-lhe da garganta, seca e dilacerada pela dor:
- Cobardes! (Ju, ascoisasqueuacho)

… Sempre foste um cobardolas! Olha para mim! Olha-me nos olhos, meu cabrão de merda! Foi para isto? Responde-me, foi para isto?, vociferava Luís, cujos olhos raiados de revolta enfrentavam, agora, os de seu pai. Este, impávido, fechou silenciosamente a porta deixando quem houvera trazido dentro daquele quarto… (M&M, A Amante do Sr. Eng.º)

Nao era a sua mae. Ela havia morrido ha muitos anos, quando ele ainda era pequeno. Esteve muito tempo doente. Sem nunca se saber o porque. Seria da falta de amor? Seria da pancada que levava daquele com quem se casara? Seria profunda tristeza? Quem o pai trouxera era a avo. Aquela de quem Luis tanto gostara mas que preferira sempre olhar para o lado. De certa forma, ela abandonara-o e Luis nunca se sentira confortavel com isso. - Leva-a daqui! Ela e nojenta! - gritava Luis com uma forca vinda das entranhas. - Eu disse-te que ele nao me ia querer aqui - disse aquela mulher alta, pintada, de cabelo grisalho longo, apanhado - Vamos embora daqui. Eu nao mereco isto.
(Angelo, Angelo no pais das maravilhas)

2 comentários:

Rosarinho disse...

Isto e que va para aqui um drama....

Anónimo disse...

Olá!

A pessoa a quem passaste o desafio nunca mais continua o desafio.. :(