Todos os anos, por esta altura, há uma catrefada de feriados juntos. É dos poucos momentos do ano em que os japoneses tiram férias - nem todos, porque o país tem que continuar mergulhado em papelada e cerimónias inúteis! É a chamada Golden Week.
Este ano, dia 3 foi o Dia da Constituição, dia 4 o Dia da Natureza, dia 5 o Dia da Criança e dia 6 é um feriado de substituição, porque no Japão quando um feriado calha a um domingo, há um feriado no dia útil logo a seguir.
Lembro-me de em Portugal se aventar a hipótese de se cortarem alguns feriados e de se mudarem a maior parte deles para segundas ou sextas. Eu já achava isso uma idiotice, mas agora ainda mais. O que Portugal precisa é que se faça o trabalho nos dias em que se trabalha - e não comecem já a mandar vir, que a carapuça só serve a quem quer! - e que não haja aquela coisa em que se dão dias de férias só para se facilitar as pontes. Querem pontes, tirem dias de férias, que é para isso que eles servem! Ou, então, como recompensa pelo excelente trabalho! Crazy, hey!?
Mas eu, não querendo destoar deste bolinho de arroz uniforme que é o Japão, também fui passear. Com a Ambre. Fomos para sul, para Kagoshima. Nome lindo, não é?
A coisa começou a bombar, como podem ver pela foto!
6 horas de comboio. E tudo isto só para chegarmos à ponta sul da ilha!
Quando lá chegámos, às duas da tarde, fomos logo comer. E como não havia tempo a perder...
Mesmo com a nossa tralha, fomos até a uma colina na cidade, para ver o ex-libris do outro lado da baía: o vulcão de Sakurajima. Ainda activo e tudo.
Havia, por ali, um casalito de velhotes, bem velhotes. Voluntários, que por ali andam para ajudar os turistas. Responder a perguntas, tirar fotos, rir um bocado.
Um belíssimo exemplo de como podem continuar a ser úteis, em vez de se sentarem em casa o dia todo a queixarem-se de que isto anda mal...
E curtam-me bem a raíz desta árvore a crescer muro do castelo abaixo!
E as carpas. As gajas, como qualquer peixe que se preze, estavam esfomeadas. E eu tinha uma bolachinha extra... Vai daí...
Gozem com a da "bolachinha extra", gozem! É que aqui não há cafés em cada esquina para cada vez que se me dão as fomes! Nem há coisas que eu goste de comer. Não há cá uma torradinha com meia de leite ou uma almofadinha de carne ou um pastel de nata! É tudo muito desinteressante, desenchabido e outros epítetos que tais...
Deixámos as malucas das carpas para trás e fomos apanhar o barquito para o vulcão! Sim, que foi no seu sopé que passámos, não uma noite, mas duas!
O vulcão é absolutamente maravilhoso. E os deuses japoneses foram bem generosos com o tempo, que estava magnífico!
E reparem no fumo que o bicho deita!
A verdade é que a coisa mete respeito. Eu já sobrevoei um vulcão - há uns anos, o Aso, na primeira visita do João - mas este foi diferente, porque se consegue vê-lo todo. E a fumegar!
Fomos até à pousada de juventude local. A única por ali. Bem... Chegámos lá e não havia ninguém na recepção. Tudo bem, lá fui chamar alguém à cozinha.
A Ambre, falante da língua indígena, havia feito a reserva. Não a encontravam até que se fez luz quando olhámos para o mapa da reservas e vimos uma que dizia futarigaijin, que é como quem diz dois estranjas! É pá, saltou-me logo a tampa! E disse logo ao rapaz que aquilo não era correcto! Eh pá, é que esta gente consegue ser racista a toda a hora! E isso deixa-me fora de mim, sobretudo tratando-se de um local de uso público que lida com estrangeiros!
Bem... Depois foi a cena com o pequeno almoço. É que eu não como peixe, arroz e sopa para o pequeno almoço, como é típico do Japão. E por isso pedira à Ambre para lhes perguntar, aquando do telefonema que fez para reservar a coisa, se tinham pão e, pelo menos, café. Disseram que sim. Mas, connosco ali à frente, parecia ser um problema de repente... O rapaz começou a hesitar e lá foi chamar a chefa, uma antipática tão pouco sorridente! E ela disse que não havia essa opção... Ora, saltou-me a tampa outra vez. E assim foi a nossa conversa:
eu: mas disseram que havia essa opção para o pequeno almoço ao telefone...
ela: mas estamos tão cheios com os miúdos [vindos em excursões]!
eu: pois... mas foi isso que nos disseram...
ela: ok, ok. Às 7.30.
eu: sim, das 7.30 às...?
ela: não, não. Às 7.30.
eu: só?! Que rigorosa! Às 8, ok?
Ela riu-se e eu com vontade de lhe dar uma trolitada na cabeça e saír porta fora! É que não há cú que aguente tamanha falta de profissionalismo.
Mas tudo lá se resolveu. Eu e a Ambre fomos escadas acima - sózinhos que ninguém nos indicou fosse o que fosse! - loucos com isto! É que mais uma vez se prova que o Japão está longe de estar preparado para receber estrangeiros! Não é só a gritante falta de poder de comunicação, em geral. E da falta de formação em inglês, em particular. Mas é a mente tacanha, o racismo latente. É a incapacidade de perceber que diferentes pessoas têm necessidades diferentes e precisam de coisas diferentes. É a falta de informação numa outra língua que não o japonês. É a falta de informação na internet! A Ambre não conseguiu encontrar muito sobre o que fazer durante este nosso passeio, porque há muito pouca coisa disponível! Então em inglês é impensável! E até para fazer reservas teve que ligar para a pousada!
Eu acho isto atroz, digno de um país subdesenvolvido. E estes tipos têm que perceber que nem toda a gente vai à agência de viagens marcar coisas em grupo e fica no hotel de molho nas nascentes!
Mas é melhor mudar de assunto que já estou a ficar nervoso e a escrever demais!
Deixámos os antipáticos para trás e metemo-nos no barquito outra vez.
E como eu sou um grande querido, vocês até têm direito a vídeos e todo. Ora vede, mas não gozai comigo!
Entretanto já me lembrei do nome da baía... É a baía de Kinko.
Os barcos que a atravessam estavam decorados com umas carpas típicas desta altura do ano, já que ontem, dia 5, foi dia dos rapazes, daí os peixinhos em tudo quanto era lado!
As meninas também tiveram o seu dia, há um mês ou assim, com muitas bonecas em todo o lado...
Chegámos a Kagoshima e reparámos logo que é uma cidade cheia de espaços verdes. Todos limpos e muito bonitos. O completo oposto de Oita! E estava cheia de flores... Que o pessoal aqui não é como o de Lisboa, que andou a fanar as flores da Avenida da Liberdade...
E, enquanto andávamos à procura de um restaurante, demos com esta joalheria com uma entrada sui generis: com água que ora caía, ora subia. E quando nos aproximávamos, a água parava e nós podíamos entrar! Ora, aqui esta uma bela ideia!
Lá demos com um restaurante. A menina deu-me os parabéns pela t-shirt que eu envergava - graças à Pipinho's Fashion VIP Club - e que diz, na zona dos meus torneados peitorais, eu sou famoso na Europa.
E a Ambre ficou felícissima com o ice que mandou vir!
Voltámos para perto do vulcão. E dormimos.
Lembro-me de em Portugal se aventar a hipótese de se cortarem alguns feriados e de se mudarem a maior parte deles para segundas ou sextas. Eu já achava isso uma idiotice, mas agora ainda mais. O que Portugal precisa é que se faça o trabalho nos dias em que se trabalha - e não comecem já a mandar vir, que a carapuça só serve a quem quer! - e que não haja aquela coisa em que se dão dias de férias só para se facilitar as pontes. Querem pontes, tirem dias de férias, que é para isso que eles servem! Ou, então, como recompensa pelo excelente trabalho! Crazy, hey!?
Mas eu, não querendo destoar deste bolinho de arroz uniforme que é o Japão, também fui passear. Com a Ambre. Fomos para sul, para Kagoshima. Nome lindo, não é?
A coisa começou a bombar, como podem ver pela foto!
6 horas de comboio. E tudo isto só para chegarmos à ponta sul da ilha!
Quando lá chegámos, às duas da tarde, fomos logo comer. E como não havia tempo a perder...
Mesmo com a nossa tralha, fomos até a uma colina na cidade, para ver o ex-libris do outro lado da baía: o vulcão de Sakurajima. Ainda activo e tudo.
Havia, por ali, um casalito de velhotes, bem velhotes. Voluntários, que por ali andam para ajudar os turistas. Responder a perguntas, tirar fotos, rir um bocado.
Um belíssimo exemplo de como podem continuar a ser úteis, em vez de se sentarem em casa o dia todo a queixarem-se de que isto anda mal...
E curtam-me bem a raíz desta árvore a crescer muro do castelo abaixo!
E as carpas. As gajas, como qualquer peixe que se preze, estavam esfomeadas. E eu tinha uma bolachinha extra... Vai daí...
Gozem com a da "bolachinha extra", gozem! É que aqui não há cafés em cada esquina para cada vez que se me dão as fomes! Nem há coisas que eu goste de comer. Não há cá uma torradinha com meia de leite ou uma almofadinha de carne ou um pastel de nata! É tudo muito desinteressante, desenchabido e outros epítetos que tais...
Deixámos as malucas das carpas para trás e fomos apanhar o barquito para o vulcão! Sim, que foi no seu sopé que passámos, não uma noite, mas duas!
O vulcão é absolutamente maravilhoso. E os deuses japoneses foram bem generosos com o tempo, que estava magnífico!
E reparem no fumo que o bicho deita!
A verdade é que a coisa mete respeito. Eu já sobrevoei um vulcão - há uns anos, o Aso, na primeira visita do João - mas este foi diferente, porque se consegue vê-lo todo. E a fumegar!
Fomos até à pousada de juventude local. A única por ali. Bem... Chegámos lá e não havia ninguém na recepção. Tudo bem, lá fui chamar alguém à cozinha.
A Ambre, falante da língua indígena, havia feito a reserva. Não a encontravam até que se fez luz quando olhámos para o mapa da reservas e vimos uma que dizia futarigaijin, que é como quem diz dois estranjas! É pá, saltou-me logo a tampa! E disse logo ao rapaz que aquilo não era correcto! Eh pá, é que esta gente consegue ser racista a toda a hora! E isso deixa-me fora de mim, sobretudo tratando-se de um local de uso público que lida com estrangeiros!
Bem... Depois foi a cena com o pequeno almoço. É que eu não como peixe, arroz e sopa para o pequeno almoço, como é típico do Japão. E por isso pedira à Ambre para lhes perguntar, aquando do telefonema que fez para reservar a coisa, se tinham pão e, pelo menos, café. Disseram que sim. Mas, connosco ali à frente, parecia ser um problema de repente... O rapaz começou a hesitar e lá foi chamar a chefa, uma antipática tão pouco sorridente! E ela disse que não havia essa opção... Ora, saltou-me a tampa outra vez. E assim foi a nossa conversa:
eu: mas disseram que havia essa opção para o pequeno almoço ao telefone...
ela: mas estamos tão cheios com os miúdos [vindos em excursões]!
eu: pois... mas foi isso que nos disseram...
ela: ok, ok. Às 7.30.
eu: sim, das 7.30 às...?
ela: não, não. Às 7.30.
eu: só?! Que rigorosa! Às 8, ok?
Ela riu-se e eu com vontade de lhe dar uma trolitada na cabeça e saír porta fora! É que não há cú que aguente tamanha falta de profissionalismo.
Mas tudo lá se resolveu. Eu e a Ambre fomos escadas acima - sózinhos que ninguém nos indicou fosse o que fosse! - loucos com isto! É que mais uma vez se prova que o Japão está longe de estar preparado para receber estrangeiros! Não é só a gritante falta de poder de comunicação, em geral. E da falta de formação em inglês, em particular. Mas é a mente tacanha, o racismo latente. É a incapacidade de perceber que diferentes pessoas têm necessidades diferentes e precisam de coisas diferentes. É a falta de informação numa outra língua que não o japonês. É a falta de informação na internet! A Ambre não conseguiu encontrar muito sobre o que fazer durante este nosso passeio, porque há muito pouca coisa disponível! Então em inglês é impensável! E até para fazer reservas teve que ligar para a pousada!
Eu acho isto atroz, digno de um país subdesenvolvido. E estes tipos têm que perceber que nem toda a gente vai à agência de viagens marcar coisas em grupo e fica no hotel de molho nas nascentes!
Mas é melhor mudar de assunto que já estou a ficar nervoso e a escrever demais!
Deixámos os antipáticos para trás e metemo-nos no barquito outra vez.
E como eu sou um grande querido, vocês até têm direito a vídeos e todo. Ora vede, mas não gozai comigo!
Entretanto já me lembrei do nome da baía... É a baía de Kinko.
Os barcos que a atravessam estavam decorados com umas carpas típicas desta altura do ano, já que ontem, dia 5, foi dia dos rapazes, daí os peixinhos em tudo quanto era lado!
As meninas também tiveram o seu dia, há um mês ou assim, com muitas bonecas em todo o lado...
Chegámos a Kagoshima e reparámos logo que é uma cidade cheia de espaços verdes. Todos limpos e muito bonitos. O completo oposto de Oita! E estava cheia de flores... Que o pessoal aqui não é como o de Lisboa, que andou a fanar as flores da Avenida da Liberdade...
E, enquanto andávamos à procura de um restaurante, demos com esta joalheria com uma entrada sui generis: com água que ora caía, ora subia. E quando nos aproximávamos, a água parava e nós podíamos entrar! Ora, aqui esta uma bela ideia!
Lá demos com um restaurante. A menina deu-me os parabéns pela t-shirt que eu envergava - graças à Pipinho's Fashion VIP Club - e que diz, na zona dos meus torneados peitorais, eu sou famoso na Europa.
E a Ambre ficou felícissima com o ice que mandou vir!
Voltámos para perto do vulcão. E dormimos.
9 comentários:
Sempre no passeio, sempre no passeio :P
Já dizia a Mafalda Veiga "Passaros do Suuuuuul bandooooooos de asaaaaaaaas sooooooooltas"ehe
Não conhecia esse lugar. Já foste a Quioto?
Infelizmente os japas são muito fechados, para eles nós os "gaijins" não somos mais do que macacos peludos no entanto é curiosa a exaustiva busca em se "ser ocidental" que se encontra em muitas série de animação e jogos de vídeo...paradoxos!
Aquele vulcão parece encantador. Palpita-me que ainda vamos ouvir falar nele um dia destes...
Olá Ângelo!
Estou convencido que a descrição das suas aventuras por Kagoshima ainda não terminou: não posso acreditar que não tenha ido a Tanegashima, que pertence a Kagoshima! Foi em Tanegashima que se deu o primeiro encontro entre europeus (portugueses) e japoneses. E os japoneses viram a primeira espingarda (que em 50 anos mudou em absoluto a história do Japão), e o primeiro vidro e tantas outras coisas cujos nomes acabaram por entrar na língua japonesa. A ilha está cheia de evocações históricas. E quando, há cerca de 40 anos, os japoneses iniciaram o seu programa espacial optaram por colocar o centro espacial em Tanegashima pelo simbolismo da união de mundos. Tanegashima e Nagasáqui são os dois locais do Japão mais ligados à história de Portugal!
Passaros do Sul...bando de asas mortas...(Versao do Herman)
Ai que passeio kiko e que fotos ainda mais!...
Quem me dera parodia assim, maxima, por aqui! Quem sabe qd ca vieres possamos correr montes e vales:)))
Kagoshima...lololol...oh pá eu sei que é infantil, mas o que me ri quando te ouvi a pronunciar Kagoshima...
Bem, tanto a pizza como o ice cream tinham tãooo bom aspecto... e as fotos e o video para variar, estão excelentes.
Bjinhosss
Kagoshima (suspiro)... Que cores-de-rosa fantásticos!!! As fabulosas fotos que tu tiraste não desmentem o nome do Sakurajima!!! Parece ter muito mais fumo do que em Outubro... Vai daí vamos ter a cidade toda coberta de cinza como costuma ser habitual... No ano passado cheguei num dia e parti noutro... Quando saí de lá só me apetecia era lá voltar para ver tudo o que tinha ficado por ver... Mas eu continuo a gostar mais do Aso-san, eheheheheh...
Ah, pois... Enquanto uns trabalham os outros andam a molhar o pezito no vulcao... LOL!
Beijos!!!!
Acho o máximo a tua foto com o vulcão ao fundo...
Mais um Mega Passeio! :)
beijoooooo
Inês
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