Estorias japonesas

Hoje esteve a chover e so parou quando a hora de sair do trabalho se aproximou e o sol deu um arzinho da sua graca. Eu e os deuses japoneses somos assim, amiguinhos.

Depois ia eu a andar pela rua fora, quando vejo um autocarro de um jardim de infancia parado e duas criancinhas a sairem de la, em direccao a mae, que tinha um outro bebe ja pronto nos bracos. Ja agora, a mae era jovem e nada mais faz do que cuidar das criancinhas, limpar a casa, ir almocar com as amigas e cozinhar para o seu homem. Vida interessante!
A menina que saira do autocarro ve-me ao longe e como que semi-cerra os seus olhos a mirar-me. Nota que eu nao sou igual a ela (afinal, nao estava de kispo cor de rosa como ela!) e olha para o autocarro, que comecara a andar, aponta para mim e grita amerika-jin, ou seja, " um americano". Eu sorri. Quando passei pela alegre familia, a mae fez a tradicional veniazita e eu so respondi, em japones, "nao sou americano. Bye bye!". A miuda continuava com os olhos prostrados em mim. A mae respondeu com um "bye bye" e disse a filha para dizer tambem. Nao lhe ouvi sair nenhum som, mas os seus labios bem que disseram "bye bye".
Eu achei isto tudo delicioso! Na cabeca de uma menina de 4 ou 5 anos a equacao estrangeiro=americano e verdadeira. Mas a forma espontanea como ela fez tudo foi demais.
So lamento e que as outras meninas, as de 14, 15, 30, 40 anos muitas vezes se comportem da mesma forma, tirando o apontar!

Mas houve mais.
Entrei no comboio, em Kaku, e o Tomek ligou-me. Eu atendi. Mas no Japao nao se fala ao telemovel nos transportes publicos. Eu, claro, caguei e andei, porque nao estava a incomodar ninguem e nunca vi nenhum distico a impedir tal coisa. Tinha ca para mim que seria mais uma daquelas regras que nao esta escrita em lado nenhum e que, como tal, podia ser flexivel.
Eu estava sentado quase ao lado do condutor, cujo espaco nao passa de um cubiculozinho.
Na primeira estacao, Minami-Oita reparei que o senhor la da estacao, que dera qualquer coisa ao condutor, espreitou para dentro do comboio e olhou para o menino Angelo. Ate comentei com o Tomek.
O comboio arranca e para em Furugo, a estacao seguinte. Ai entra um funcionario da estacao pela porta do lado contrario do condutor. E oico o seguinte: "neste comboio nao falar". EM INGLES! Eu fiquei louco. Pedi desculpa e despedi-me do Tomek e desliguei a coisa.
Nao fiquei de todo chateado! Muito pelo contrario, fiquei maravilhado pelo condutor se ter dirigido a mim em ingles e ainda por cima a frente dos passageiros todos! Ok... O comboio era uma so carruagem, mas mesmo assim!
Curioso e o facto de ter levado duas estacoes para ganhar coragem para falar comigo!

Entretanto, ja recebi os resultados do check up que fomos fazer no outro dia, uma vez que temos que fazer um por ano para o trabalho.
Resultado: estou gordo (peso 80.4 kg e, segundo esta gente, devia pesar 64 kg. Em que planeta estao eles!?) e o meu figado esta um pouco toto... Como diria o outro, pareco um foie gras.